Tenho notado que as pessoas andam preocupadas, quando não assustadas, com que escrevo.
Até entendo que isso aconteça com quem me conhece a pouco, mas não admito que meus amigos passem a crer que passei de razão a pura emoção.
Por tanto cá está uma frase que cabe ao momento: "Não pense que eu escrevo aqui o meu mais intimo segredo, pois há segredos que eu não conto nem a mim mesma. ”
(Clarice Lispector)
Sim, existe situação real no que escrevo.Porém grande maioria, como diria um conhecido, “Não sou eu e sim o meu eu-lírico”.Talvez um heterônimo como faz Pessoa.
O meu lírico é uma junção de tudo que vejo,ouço e vivo. Aproprio-me indevidamente de relatos que podem tornar o que escrevo mais verdadeiro possível. E acabo assim destorcendo, enganando meus desfechos. Até gostaria que um deles fosse real, mas eu jamais sonharia com um “happy end”.
Então não decifre meu olhar antes de lembrar que ele só retribui o teu.
Não acredite no meu sorriso encabulado, sem jeito, triste. Ás vezes ele é minha única válvula de escape.
Não acredite no que sai de minha boca, elas simplesmente rebatem o que sai da tua.
Não acredite nas palavras que meus dedos digitam com tanta convicção. Eles disfarçam o que tu também esconde.
Não se deixe levar por palavras de terceiros sem antes questionar a mim.
Não tente ler minha entre linhas. Eu também não entendo as tuas.
Acredita sim, nos singelos, mas verdadeiros gestos, toques, sentimentos que demonstro. (ou seja, nas atitudes).
E nunca esquece que na verdade (quando o assunto sou eu) não passo de um espelho refletindo tudo que vejo, penso e sinto.
01 :D
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