domingo, 26 de setembro de 2010

Como perder aquela garota II


08h00min: Despertador tocando, ele acha estranho às pernas não estarem entrelaçadas e também não sente aquele carinho no rosto, não sente os beijinhos e não ouve a voz dela com os mesmo dizeres, mas que hoje se fez ausente.
Levanta e vê o vestido ainda atirado perto da cadeira, mas nota que à sapatilha sumiu. Sente um cheiro dela espalhado pelo quarto, vai ao banheiro, veste a calça do pijama.
Enquanto se deslocava para cozinha, hipnotizado pelo cheirinho de café fresco, esfrega os olhos e o rosto inteiro com aquela expressão de preguiça. Quando chega à ponta e abre um sorriso e espera vê-la no balcão... Nada vê a cafeteira e o botão vermelho indicando que o café está pronto e um sanduíche que parecia ter sido preparado com todo o carinho do mundo, no guardanapo que o envolvia o bom dia e a marca do beijo. Ele ri, balança a cabeça. Pega a caneca e o pratinho e vai se sentar no sofá. Quando ta saindo da cozinha nota que as chaves dela ficaram, acha estranho. Comendo vai até a janela olha rua, vira e nota que o casaco e bolsa não esta no lugar de costume. No entanto o bloco de anotações ta no lugar. Pega o bloco, larga o café e engole seco o último pedaço do sanduíche. Com o bloco na mão faz o caminho de volta até o quarto e como se o céu quisesse contribuir com cena, uma nuvem gigantesca esconde o sol enquanto ele anda e nota as fotos viradas, o quadro tirado do lugar, o radio ligado baixinho na estação preferida dela, quase nem se ouve o ruído que faz. Ia passar pelo escritório batido, mas percebe algo na mesa. Entra, segura a foto. Sente seu coração acelerar e enche os olhos de água. Em pensamento se lamenta e culpa. Mas coloca a foto cuidadoso onde ela tinha deixado. Continua até achar o celular. Antes de discar, sente a mão tremer com medo, do que pode acontecer, respira fundo e o dedo ainda trêmulo disca...
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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Parem o Mundo.Eu quero Descer.


Foi longe de ser um dia comum. Na verdade a manhã foi tranqüila, sossegada e gostosa. Em compensação aquela tarde se arrastou, aquele tipo de dia que tu reza para que acabe logo, e quanto mais se reza menos ele passa...
13h08min para ser mais precisa foi quando começou. O coração dispara, as mãos tremem, os olhos se enchem e de repente aquele estalo, parece que a mente se abre e os olhos passam a ver tudo como realmente é. A parte da canção que dizia “não perca a cabeça” estava atrasada e deu o conselho quando essa já estava longe, longe. (Poderia ser uma crise, paranóia, bobagem, mas ouvi dizer que a paranóia grita o que senti foi suave, calmo um sussurro... Infelizmente pra mim, era a tal intuição, o que chamam de alerta por ai).
Remexendo algumas coisas, descobri, ou melhor, redescobri sem querer o que por tempo ficou guardado esperando à hora certa pra vim fazer-me uma desagradável visita. Palavras tão carregadas e tão verdadeiras que tenho certeza que outra pessoa no meu lugar ficaria do mesmo jeito. Tentei me manter ocupada depois de lê-las, não queria pensar, mas com toda sinceridade os pensamentos já estavam todos ali e o quebra-cabeça foi encaixando... E de tão ocupada nem vi que o telefone tocava.
Tive certo descanso naquele engarrafamento e caminho tão longo quanto o dia. Animei e fui animada. Benditas sejam as pessoas certas nas horas incertas.
O sossego durou pouco, e aquele turbilhão voltou quando decidi dividir o que me incomodava com alguém, (acabei dividindo com mais de um, talvez ai por ingenuidade cometesse mais uma gafe) e não adiantavam as palavras de consolo. Os elogios que me deixavam sem graça. Ou a voz tranqüila e baixinha que fazia com que o imitássemos, e falássemos igual. Esse foi o momento em que deixei escapar mais alguns sorrisos e meu coração acalmou. De novo pessoas certas nas horas incertas.
Chegando em casa ao invés de fazer o mesmo de sempre, decidi fazer tudo diferente, dormi. Só queria que aquela quinta-feira tivesse fim...
Bobagem a maldita quinta-feira, deixou suas surpresas pra sexta-feira. Achei que tinha ganhado um amigo, me enganei. Aquela que também se encontra no caminho me falava o tempo todo, e eu não quis acreditar, não tinha porque, não existia um motivo consistente. Fui procurar uma explicação e na verdade achei um culpado, ou melhor, culpada, eu mesma. E pior, foram dias antes que a coisa tinha tomado uma proporção que eu por inocência não percebi, algumas brincadeiras e uma frase mal localizada me colocaram numa roubada.
Tem gente que deseja que todo dia seja quinta-feira, daí pede ajuda pra quem deseja que seja sexta-feira todo dia. E ainda tem aqueles que desejam um dia que talvez nunca chegue...
Lenine foi sábio ao cantar “Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma. Até quando o corpo pede um pouco mais de alma. A vida não para”.
E creio que estarei sendo sábia “cantando”: Nunca deveria esquecer. Só ela poderia tê-lo feito feliz.Pena ter me esquecido tão rápido...

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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Como perder aquela garota (parenteses)


Na manhã anterior...
Vozes, risos, bebidas e aquelas alegres palavras,aquelas frases perdidas e os questionamentos que a fizeram dar uma relaxada.Até mesmo se permitiu sorrir satisfeita, o abraçou forte e deu um beijinho. Ele a envoleu em seus braços como se a protegesse gesto que significava "tá tudo bem."
Na mesma noite...
Vozes, risos, bebidas e aquela frase que fez de conta não ouvir.Pensou que seria melhor não olha-lo, não fazer caras, não demostrar que aquela alegria tinha sido quebrada. Continuo rindo e conversando e chegou a soltar uma piadinha para quebrar o gelo entra ela e aquele momento que seria fatidico.Já era tarde,mais uma vez as palavras soltas e bipolares ficaram gravadas no seu coração. Porque? Porque? Ela não soube se ele havia notado o incomodo.Ficou um bom tempo sem conseguir encara-lo.Mas acreditava que não. Ele não é nada observador e sua insebilidade devia ter bloqueado em sua mente qualquer expressão que ela possa ter feito.



"Não sabia mais o que esperar ou mesmo se devia aguardar por algo novo. Sentia uma estranha necessidade de prender o ar, de camuflar o choro, de iludir o espelho, como não possuía tais capacidades dissimuladoras, fazia o que podia para manter a calma e a lucidez frente aos espectadores do seu infortúnio. Tinha consciência desde cedo que nada atraia mais as grandes platéias do que as tragédias ou as grandes comédias, que não havia meio de escapar do palco que a vida tinha lhe preparado. Não existia outra saída senão assumir seu desafortunado personagem e seguir com o espetáculo. Mesmo que nada apontasse para uma mudança de rumo, nutria dentro de si uma esperança de uma cor quase cinza e formato diminuto de que algum evento descortinasse em alegrias o ato final. Não sabia mais o que esperar ou mesmo se devia aguardar por algo novo, sentia uma estranha necessidade de prender o ar , de segurar a máscara até o fim. "

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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Como perder aquela garota I



Então ela abre os olhos e nota que tem algo diferente. Olha pra um lado, pro outro, pra cima, deita de novo, pensa, suspira. Com uma das mãos puxa o lençol pra perto do corpo e o seguro contra o peito tentando disfarçar nudez, a outra mão ela apóia na cama e fica o observando enquanto dorme. Sorri e o acaricia o rosto. Levanta-se com cuidado, queria ser o mais discreta possível, coloca uma calça jeans velha, mas que a veste muito bem, pega uma camiseta, dele mesmo, por estar mais perto, e calça seu sapatinho de boneca. Vai ao banheiro jogo uma água no rosto e faz um gargarejo com o “cepacol” do sabor odiado por ele, chega perto da cama e o beijo nos lábios suavemente. Ele resmunga, faz um gesto com o nariz, volta a dormir. Já na porta do quarto olha-o novamente, sorri de novo e pé por pé sai...
Enquanto passa pelo corredor, vai abrindo as janelas e deixando que a luz do sol que recém está nascendo entre assim como ela sai zelosa e silenciosamente. Olha cada peça da casa, entra no escritório, senta naquela enorme e confortável cadeira. Abre aquela gaveta que ele pensa que ela nem sonha existir. Pega o porto retrato escondido embaixo daquela papelada toda, passa a mão pra tirar a poeira e repara a foto. Suspira, sorri sem mostrar os dentes, levanta-se e arruma a foto em cima da mesa.
Continua andando pelo corredor, olha o relógio, os quadros os prêmios, as fotos espalhadas, e quando se depara com as poucas em que está presente, com um suave movimento vira-as para baixo. Um pouquinho antes de chegar à sala espreguiça-se.
Quando chega pega o bloquinho de anotações e caneta que fica do lado telefone, abre as cortinas e se depara com a vista maravilhosa. Vai até a cozinha pega um chá e o toma enquanto escreve. Dá mais uma olhada lá fora, pega o casaco, bolsa e larga o bilhete no sofá. Abri a porta, olha pra trás novamente e se dá conta que está com as chaves na mão, então pega as pendura e fecha a porta.
Dá alguns passos e a luz do corredor acende, caminha devagar, quase hesitante, chama o elevador, dá um bom dia educado e quase aliviado para o vizinho que desce com seu cãozinho. Encosta no canto, pois sabe que hoje os 10 andares pareceriam 20. Chega ao estacionamento, abre o carro, coloca uma música que se encaixe com o momento e quando nota já está na sinaleira da esquina. Olha o retrovisor e pensa: “She is a good girl...”.
...

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